Mariane Fontes MD

HPV causa câncer? Confira tudo o que você precisa saber

HPV causa câncer? Tudo o que você precisa saber

HPV causa câncer? O HPV, ou papilomavírus humano, é uma infecção sexualmente transmissível extremamente comum que pode levar a várias complicações de saúde, incluindo câncer. Este artigo explora a relação entre o HPV e o câncer, os tipos de HPV, métodos de prevenção, assim como as opções de tratamento disponíveis.

O que é o HPV?

O HPV é um grupo de mais de 200 tipos relacionados de vírus, sendo um dos agentes infecciosos mais comuns em humanos. Ele infecta a pele e as mucosas, podendo causar uma variedade de condições, desde verrugas comuns até cânceres em várias partes do corpo.

A principal forma de transmissão do HPV é através do contato sexual, incluindo sexo vaginal, anal, bem como oral. A infecção pode ocorrer mesmo na ausência de penetração completa, bastando, portanto, o contato pele com pele na região genital. Além disso, o HPV pode ser transmitido de mãe para filho durante o parto, embora isso seja raro.

Tipos de HPV

Os mais de 200 tipos de HPV são categorizados em dois grandes grupos: de baixo risco e de alto risco.

  • HPV de baixo risco: estes tipos não estão associados ao câncer, mas podem causar verrugas genitais e papilomas (pequenas verrugas não cancerosas). Os tipos 6 e 11 são os mais comuns e responsáveis pela maioria das verrugas genitais.
  • HPV de alto risco: estes tipos são potencialmente oncogênicos, ou seja, podem causar câncer. Os tipos 16 e 18 são os mais perigosos, responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. Outros tipos de alto risco incluem 31, 33, 45, 52 e 58.

6 e 11:

  • Responsáveis por cerca de 90% das verrugas genitais.
  • Também podem causar papilomas laríngeos (verrugas na garganta), uma condição rara, mas potencialmente grave.
  • Essas verrugas podem aparecer semanas ou meses após o contato sexual com uma pessoa infectada.

16 e 18:

  • Responsáveis por cerca de 70% dos cânceres do colo do útero.
  • Também associados a cânceres do ânus, pênis, vulva, vagina e orofaringe (parte de trás da garganta, incluindo a base da língua e as amígdalas).
  • O HPV 16 é o tipo mais oncogênico e está presente na maioria dos cânceres de orofaringe relacionados ao HPV.

31, 33, 45, 52 e 58:

  • Também associados a um risco significativo de câncer do colo do útero.
  • Juntos, esses tipos, junto com o 16 e 18, representam aproximadamente 90% dos cânceres cervicais.

Ciclo de Vida do HPV

Entender o ciclo de vida do HPV ajuda a perceber como esse vírus se comporta no corpo e como ele pode levar a problemas de saúde. Vamos simplificar esse processo:

O HPV geralmente entra no corpo através de pequenas lesões ou cortes na pele ou mucosas. Isso acontece principalmente durante o contato sexual, incluindo sexo vaginal, anal e oral.

Uma vez dentro do corpo, o HPV atinge as células mais profundas da pele ou mucosas. Ele se esconde nessas células, que são como a fundação da nossa pele, e começa a se multiplicar lentamente.

À medida que as células da pele se dividem naturalmente e se movem para a superfície, o HPV vai junto. Quando as células infectadas alcançam a superfície da pele ou mucosas, o HPV utiliza a maquinaria celular para produzir muitas cópias de si mesmo. Isso inclui a criação de novas partículas virais que podem infectar outras pessoas.

As células da pele eventualmente se desprendem do corpo, liberando as partículas virais no processo. Essas novas partículas de HPV podem ser transmitidas para outra pessoa através do contato direto pele a pele, completando o ciclo de vida do vírus.

Na maioria das vezes, o sistema imunológico do corpo consegue eliminar a infecção por HPV. No entanto, em alguns casos, o vírus persiste no corpo por muitos anos. Se isso acontecer, o HPV pode causar alterações nas células infectadas, o que pode levar a problemas como verrugas genitais ou até câncer, especialmente em áreas como o colo do útero, ânus, pênis, bem como garganta.

Sintomas do HPV

Muitas infecções por HPV são assintomáticas e desaparecem sozinhas. No entanto, quando os sintomas se manifestam, podem incluir:

  • Verrugas genitais: pequenas protuberâncias ou grupos de protuberâncias na região genital ou anal. Podem variar em tamanho e forma.
  • Verrugas comuns: verrugas na pele das mãos, dedos ou cotovelos.
  • Verrugas plantares: verrugas na planta dos pés.
  • Verrugas planas: verrugas achatadas e levemente elevadas na face ou ao redor da barba em homens, ou nas pernas em mulheres.
  • Lesões pré-cancerosas e câncer: alterações celulares detectadas em exames de Papanicolau podem indicar a presença de tipos de HPV de alto risco. O desenvolvimento de câncer pode ocorrer anos ou até décadas após a infecção inicial.

Tipos de câncer associados ao HPV

Colo do útero

  • Prevalência: o câncer cervical é o tipo mais comum de câncer causado pelo HPV. Quase todos os casos de câncer do colo do útero são atribuídos a infecções persistentes com tipos de HPV de alto risco, especialmente os tipos 16 e 18.
  • Detecção: pode ser detectado precocemente através do exame de Papanicolau, que identifica alterações celulares no colo do útero.

Anal

  • Prevalência: aproximadamente 90% dos casos de câncer anal estão associados ao HPV.
  • Detecção: mudanças precoces podem ser identificadas por meio de exames anais, especialmente em pessoas com alto risco.

Orofaríngeo

  • Prevalência: o HPV é responsável por cerca de 70% dos cânceres que afetam a parte de trás da garganta, incluindo a base da língua, bem como as amígdalas.
  • Detecção: sintomas podem incluir dor de garganta persistente, dificuldade para engolir, e caroços no pescoço. A detecção precoce é difícil sem exames especializados.

Vulva e vagina

  • Prevalência: o HPV também pode causar câncer nessas regiões, embora seja menos comum.
  • Detecção: mudanças precoces podem ser detectadas durante exames ginecológicos de rotina.

HPV e cânceres urológicos

HPV e câncer de pênis

O câncer de pênis é um tipo relativamente raro de câncer urológico, mas a infecção pelo HPV é um fator de risco significativo para o seu desenvolvimento. Estima-se que o HPV esteja presente em até 50% dos casos de câncer de pênis. Os tipos de HPV mais frequentemente associados a este câncer são o HPV-16 e o HPV-18.

Manchas, feridas ou caroços no pênis podem ser sinais precoces. Consultar um médico para um exame é essencial.

Fatores de risco e prevenção
  • Circuncisão: facilita a higiene e reduz o risco de infecção pelo HPV e, consequentemente, o risco de câncer de pênis.
  • Vacinação contra o HPV: a vacina pode prevenir a infecção pelos tipos de HPV mais associados ao câncer de pênis.
  • Higiene genital: práticas de higiene adequadas podem reduzir o risco de infecção.

Câncer de pênis: é raro, mas atente-se aos cuidados

HPV e câncer de bexiga

A relação entre HPV e câncer de bexiga não é clara.  Algumas pesquisas sugerem uma possível associação, mas os dados são inconclusivos.

HPV e câncer de próstata

Não existe  ligação estabelecida entre HPV e câncer de próstata. Alguns estudos sugerem uma potencial associação entre a infecção pelo HPV e um aumento no risco de câncer de próstata, enquanto outros não encontraram uma relação significativa. Mais pesquisas são necessárias para esclarecer se de fato há relação entre HPV e câncer de próstata.

Diagnóstico do HPV

O diagnóstico precoce do HPV é crucial para prevenir complicações graves, como o desenvolvimento de câncer. Embora muitas infecções por HPV sejam assintomáticas e desapareçam sozinhas, identificar a presença do vírus e monitorar possíveis alterações celulares pode salvar vidas. Aqui estão os principais métodos utilizados para diagnosticar o HPV e suas possíveis consequências:

Teste de HPV:

  • Detecta a presença do material genético do HPV nas células cervicais.
  • Utilizado para identificar infecções por tipos de HPV de alto risco, especialmente em mulheres com resultados anormais no Papanicolau.

Papanicolau (Citologia Cervical):

  • Um exame de triagem que detecta alterações celulares no colo do útero causadas pelo HPV.
  • Recomendado regularmente para mulheres que têm entre 25 e 59 anos.

Colposcopia:

  • Um exame detalhado do colo do útero, vagina e vulva usando um colposcópio, que amplia a área a ser examinada.
  • Realizado quando os resultados do Papanicolau ou do teste de HPV são anormais.

Biópsia:

  • Remoção de uma pequena amostra de tecido para exame microscópico.
  • Usada para confirmar diagnósticos de lesões pré-cancerosas ou cancerosas.

Exames anogenitais e orais:

  • Inspeção visual e biópsia de áreas suspeitas em outras partes do corpo, como ânus, pênis, vulva, vagina e garganta.
  • Importante para pessoas com sintomas ou em grupos de alto risco.

Prevenção e detecção precoce

A prevenção e a detecção precoce são fundamentais na luta contra o HPV e as doenças associadas. Com medidas preventivas adequadas e exames regulares, é possível reduzir significativamente o risco de infecção e detectar alterações celulares antes que se tornem malignas. 

  • Vacinação: a vacina contra o HPV é altamente eficaz na prevenção de infecções pelos tipos de HPV de alto risco. Há recomendação para meninos e meninas a partir dos 9 anos e pode ter sua administração até os 45 anos.
  • Exames de rastreamento: o Papanicolau e o teste de HPV são essenciais para detectar alterações celulares no colo do útero antes que se tornem cancerosas. Outros exames específicos podem ser recomendados para detectar cânceres associados ao HPV em outras partes do corpo.
  • Práticas sexuais seguras: o uso de preservativos pode reduzir o risco de transmissão do HPV, embora não ofereça proteção completa.
  • Educação e conscientização: informar-se sobre o HPV e suas complicações pode levar a decisões mais informadas sobre saúde e prevenção.
  • Evitar tabagismo: o tabagismo pode aumentar o risco de desenvolvimento de câncer em pessoas infectadas pelo HPV. Portanto, evitar fumar é uma medida adicional para reduzir esse risco.

Tabagismo e câncer: entenda a relação

  • Monitoramento regular: para pessoas diagnosticadas com HPV, é importante seguir as recomendações médicas para exames regulares e monitoramento contínuo, garantindo que qualquer alteração seja detectada e tratada precocemente.

Diagnóstico precoce: a importância da realização do check-up

Impacto da vacinação

A vacina contra o HPV é uma ferramenta poderosa na prevenção de infecções por tipos de HPV de alto risco. As vacinas atualmente disponíveis protegem contra os tipos de HPV mais associados a câncer e verrugas genitais:

  • Vacinas bivalente (Cervarix): protege contra os tipos 16 e 18.
  • Vacinas quadrivalente (Gardasil): protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18.
  • Vacinas nonavalente (Gardasil 9): protege contra os tipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58, proporcionando uma proteção mais abrangente.

Opções de tratamento

Embora não exista uma cura para o HPV em si, as condições causadas pelo vírus podem ser tratadas. O tratamento visa eliminar verrugas, lesões pré-cancerosas e, quando necessário, tratar o câncer causado pelo HPV. Aqui estão as principais opções de tratamento disponíveis:

Tratamento de verrugas genitais e cutâneas:

  • Medicamentos tópicos: cremes ou soluções aplicadas diretamente nas verrugas, como imiquimode, podofilox e ácido tricloroacético.
  • Crioterapia: congelamento das verrugas com nitrogênio líquido, que causa a destruição do tecido infectado.
  • Eletrocauterização: queima das verrugas usando uma corrente elétrica.
  • Excisão cirúrgica: remoção das verrugas através de cirurgia.
  • Laser: uso de laser para destruir verrugas difíceis de tratar com outras opções.

Para lesões pré-cancerosas:

  • Excisão eletrocirúrgica em alça (LEEP): remoção das células anormais do colo do útero usando um fio de arame fino aquecido eletricamente.
  • Conização: remoção de uma porção em forma de cone do tecido anormal do colo do útero.
  • Crioterapia: congelamento das células anormais com nitrogênio líquido.
  • Terapia a laser: uso de laser para remover ou destruir o tecido anormal.

Tratamento de cânceres associados ao HPV:

  • Cirurgia: remoção do tumor e, em alguns casos, dos tecidos circundantes.
  • Radioterapia: uso de radiação para destruir células cancerosas.
  • Quimioterapia: uso de medicamentos para matar células cancerosas ou impedir seu crescimento.
  • Terapias alvo: tratamentos que visam especificamente as características das células cancerosas do paciente.
  • Imunoterapia: fortalecimento do sistema imunológico para ajudar a combater o câncer.

Prevalência e impacto global

O HPV é extremamente comum. Estima-se que a maioria das pessoas sexualmente ativas será infectada por pelo menos um tipo de HPV em algum momento da vida. A infecção é mais comum entre adolescentes e jovens adultos, sendo que muitos casos são temporários e resolvem-se espontaneamente.

O impacto global do HPV é significativo, especialmente em relação ao câncer do colo do útero. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer cervical é o quarto tipo de câncer mais comum em mulheres. Além disso, a maioria desses casos ocorre em países de baixa e média renda, onde o acesso a programas de rastreamento e vacinação pode ter limitação.

Conclusão sobre HPV causa câncer?

Em suma, o HPV é uma infecção comum que pode levar ao desenvolvimento de vários tipos de câncer, inclusive os urológicos, se não houver o tratamento adequado. A prevenção através da vacinação, exames de rotina e práticas sexuais seguras é essencial para reduzir os riscos. Além disso, a conscientização sobre o HPV e suas complicações pode salvar vidas ao promover a detecção precoce e o tratamento adequado. Por fim, tem mais dúvidas sobre o tema HPV causa câncer? Agende uma consulta pelo meu site via Whatsapp!