Mariane Fontes MD

Hormonioterapia

A hormonioterapia é uma das diversas opções de tratamento no combate ao câncer. Ela é usada contra os tipos da doença que têm relação com hormônios, interferindo na sua produção e impedindo que eles alimentem as células cancerígenas.

Esse tipo de tratamento começou a ser utilizado para combater o câncer de mama, mas esse conceito de bloqueio de produção hormonal resultou na validação dessa estratégia em outros tipos, como o câncer de próstata, ovário, tireoide e endométrio.

Como funciona a hormonioterapia

Os hormônios são secretados por células e atuam de forma a conectar uma célula a outra, promovendo uma resposta do organismo a diferentes estímulos. No entanto, algumas células cancerígenas atuam utilizando esses hormônios para estimular seu crescimento e multiplicação.

Com a aplicação da hormonioterapia, os medicamentos atuam bloqueando a ação desses hormônios, como por exemplo a ação da testosterona na próstata, a fim de evitar que eles estimulem o crescimento das células tumorais. Essa técnica normalmente é utilizada como terapia complementar ao tratamento cirúrgico ou de radioterapia, podendo ser utilizada em conjunto com quimioterapia ou outros tratamentos sistêmicos.

A hormonioterapia pode funcionar de duas formas: por meio de supressão da produção de hormônios, privando as células cancerígenas de recebê-los e evitando o seu crescimento e disseminação; e através do bloqueio periférico dos receptores de hormônios nas células tumorais. Em ambos os casos ocorre a diminuição da velocidade de multiplicação celular e a morte celular programada, fazendo com o câncer apresente remissão.

Existem quatro tipos de hormonioterapia: cirurgia, dose suprafisiológica, inibidores enzimáticos e anti-hormônios. Abaixo detalho cada um deles:

  • Cirurgia: glândulas endócrinas são retiradas – elas são responsáveis pela produção de hormônios –, obtendo-se a interrupção no fornecimento para as células cancerígenas.

No sexo feminino, a retirada dos ovários (ooforectomia) impede o organismo de produzir hormônios – nos casos de câncer de mama disseminado com a mulher na pré-menopausa, isso reduz a remissão em 30% e 40% dos casos.

Entre os homens, a retirada dos testículos (orquiectomia) – privando a produção de hormônios – induz a remissão em pelo menos 80% dos casos de câncer de próstata disseminado.

  • Dose suprafisiológica: pequenas doses de hormônios podem estimular o crescimento e disseminação das células cancerosas, mas doses suprafisiológicas (mais do que o organismo precisa) podem surtir o efeito contrário. Essa estratégia de tratamento é experimental, mas os dados iniciais de estudos clínicos são promissores.

Inibidores enzimáticos: a inibição de certas enzimas priva o organismo de produzir hormônios, bloqueando as células cancerígenas – a exemplo da aromatose, que auxilia a produção de estrógenos na menopausa.

  • Anti-hormônios: um exemplo é o tamoxifeno, droga que bloqueia os receptores de estrógeno das células do câncer de mama, e os antiandrogênios no caso do câncer de próstata.

Efeitos colaterais do tratamento

Os efeitos colaterais da hormonioterapia estão intimamente associados à falta do hormônio que será bloqueado. Com isso, podem surgir sintomas como ganho de peso, perda do interesse e disfunção sexual e aumento do nível de gordura no sangue. No entanto, é importante ressaltar que os efeitos dependem sempre de cada caso especificamente, podendo variar de acordo com a resposta de cada paciente.

  • Outros efeitos colaterais que podem acontecer entre as mulheres: secura vaginal, aumento do risco de câncer de útero, sudorese noturna, trombose e mudança de humor.
  • Outros efeitos colaterais que podem acontecer entre os homens: impotência, osteoporose, perda de massa muscular, crescimento do tecido mamário, diminuição dos testículos e do pênis.

A hormonioterapia é uma aliada contra o câncer e pode salvar vidas. A medicina está cada vez mais eficiente e com boas possibilidades para o tratamento da doença, com bom controle e manejo de potenciais efeitos colaterais. Agende uma consulta.

Veja também outros tratamentos

Conheça os diferentes tipos de tratamento, acompanhamento e cuidados específicos para os pacientes portadores de cânceres de trato urogenital.

Cuide de sua saúde

Juntos na luta contra o câncer. O diagnóstico precoce preserva o seu futuro!