Um estudo do Reino Unido revelou uma conexão alarmante entre o excesso de peso e o aumento significativo do risco de 13 tipos de câncer – em pessoas com ou sem doenças cardiometabólicas (DCM). A meta-análise comparou informações de quase 600 mil adultos disponíveis nos bancos de dados UK Biobank e EPIC (Investigação Prospectiva Europeia sobre o Câncer e Nutrição, em inglês). Os resultados foram publicados na revista científica BMC Medicina.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que 60% dos adultos brasileiros estão acima do peso – desses, 25% são obesos. Em 2035, de acordo com a Federação Mundial de Obesidade, o Brasil vai contar com 41% da população com excesso de peso – taxa anual de crescimento de 2,8%.
Em âmbito mundial, 4 bilhões de pessoas vão estar acima do peso ou serão obesas daqui a 11 anos. A obesidade é responsável, atualmente, por 4% a 8% dos casos de câncer.
Quais são os tipos de câncer com riscos aumentados?
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), entre 80% e 90% dos casos de câncer estão associados a causas externas, sendo uma delas a obesidade, que em pesquisa recente constatou-se que a condição aumenta em 11% as chances de desenvolvimento de 13 tipos de câncer. São eles:
- Câncer de esôfago;
- Câncer de fígado;
- Câncer de mieloma múltiplo;
- Câncer de rim;
- Câncer de mama;
- Câncer de pâncreas;
- Câncer de vesícula biliar;
- Câncer de tireoide;
- Câncer de ovário;
- Câncer de próstata.
- Câncer colorretal;
- Câncer de estômago;
- Câncer de endométrio.
O sobrepeso é uma condição complexa, influenciada por diversos fatores, como, por exemplo, estilo de vida, genética e ambiente. Fatores como idade avançada e histórico familiar não têm como mudar, mas questões externas, sim. Alterações no estilo de vida – sobrepeso, obesidade, sedentarismo, tabagismo, consumo excessivo de álcool e de alimentos ultraprocessados, por exemplo, são questões que podem ser evitadas.
Outro estudo sobre a relação entre a gordura corporal e o câncer
Um estudo de 2014 analisou a relação entre o índice de massa corporal (IMC) e o risco de desenvolvimento de câncer em mais de 5 milhões de pessoas saudáveis no Reino Unido. O resultado mostrou que a associação aumenta o risco de desenvolver 10 tipos de câncer – mama, fígado, ovário, próstata, vesícula, útero, colo do útero, tireoide, cólon e leucemia.
A cada cinco pontos a mais no IMC – índice maior de 25 considera-se sobrepeso, com obesidade sendo acima de 30 – o indivíduo aumenta o risco de câncer em:
- 62% – câncer de útero
- 31% – câncer de vesícula
- 25% – câncer de rim
- 19% – câncer de fígado
- 10% – câncer de colo de útero e de cólon
- 9% – câncer de tireoide, de ovário e leucemia
- 5% – câncer de mama
*Esses riscos podem variar de acordo com determinados fatores, como por exemplo a menopausa.
“Temos evidências suficientes de que a obesidade é uma importante causa para o sofrimento desnecessário e morte por vários tipos de câncer. Não precisamos de mais pesquisas para justificar ou exigir mudanças de políticas destinadas a combater o excesso de peso”, escreveu Peter Campbell, da Sociedade Americana de Câncer, num comentário que acompanhou o estudo.
Futuro mais saudável
A obesidade, muitas vezes resultante de hábitos alimentares inadequados e sedentarismo, não apenas afeta a estética, mas tem implicações sérias na saúde a longo prazo. A inflamação crônica, alterações hormonais, bem como outros mecanismos associados ao sobrepeso podem criar um ambiente propício para o desenvolvimento e progressão de diferentes tipos de câncer.
Ao adotar medidas preventivas, promover a educação sobre estilo de vida saudável e garantir acesso a recursos de saúde, podemos não apenas reduzir os riscos de diversos tipos de câncer, mas também melhorar a qualidade de vida da população em geral. Precisa de uma consulta com um especialista? Faça o agendamento pelo meu site.