Celebrado anualmente desde os anos 90 – a Fundação Susan G. Komen for the Cure foi quem criou – , o Outubro Rosa tem como objetivo de campanha compartilhar informações sobre o câncer de mama para proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e, consequentemente, reduzir o número de mortes.
No ano de 2023, por exemplo, estima-se no Brasil mais de 73 mil novos casos da doença. A prevenção é o caminho para reverter esse quadro. Quando descoberto em estágio inicial, o câncer de mama tem 95% de chances de cura.
Números do câncer de mama
De acordo com o relatório anual do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama é o segundo mais incidente entre as mulheres no país, atrás somente do câncer de pele não melanoma – as regiões Sul e Sudeste têm as maiores taxas.
No triênio 2023-2025, para cada ano foram estimados 73.610 novos casos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 41,89 casos por 100.000 mulheres. Dessa forma, o câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer no sexo feminino no país.
“As taxas brutas de incidência e o número de novos casos estimados são importantes para estimar a magnitude da doença no território e programar ações locais” (Inca)
A maior parte dos casos ocorre a partir dos 50 anos, com os homens também podendo desenvolver a doença, apesar do cenário raro (representam apenas 1% do número total de diagnósticos).
“A mortalidade proporcional é maior no grupo de 50 a 69 anos, que responde por cerca de 45% do total de óbitos por esse tipo de câncer” (Inca)
Prevenção
Ainda de acordo com o Inca, 17% dos casos de câncer de mama podem ser evitados por meio de hábitos saudáveis – por exemplo, excesso de peso corporal, ausência de atividades físicas, alimentação não balanceada, consumo de álcool e tabagismo são fatores de risco para o desenvolvimento da doença.
Além da prevenção, o diagnóstico precoce é imprescindível. Mulheres que tenham 40 anos ou mais precisam realizar anualmente a mamografia, exame mais eficaz para a detecção da do câncer de mama. Em casos de histórico familiar, o rastreamento acontece antes mesmo dos 40 anos.
Em suma, outros dados relacionados à prevenção e diagnóstico do câncer de mama:
- 54% das mulheres subestimam a importância da mamografia (Ipec/2022);
- Cerca de 38% dos diagnósticos só ocorreram em fases avançadas da doença (Departamento de Informática do SUS – DATASUS – em fevereiro/2023);
- 90,8% é a taxa de sobrevivência relativa de 5 anos (Inca/2023);
- 67% das pacientes que tiveram câncer de mama já haviam passado pelo diagnóstico de alguém próximo (Veja Saúde/2023).
Prática de exercícios e câncer de mama
Um estudo australiano com base genética (Divisão de Epidemiologia de Câncer da Universidade de Melbourne), publicado na revista British Journal of Sports Medicine, constatou uma relação direta entre a prática de atividades físicas e o risco reduzido do surgimento do câncer de mama. Detectaram também que em casos de diagnóstico positivo, a gravidade da doença é menor em quem costuma se exercitar.
Randomização mendeliana foi a metodologia usada (variantes genéticas são usadas para fatores de risco modificáveis que afetam a saúde). Mesmo em estudos observacionais, com esse tipo de análise é possível tirar conclusões. Sobre a pesquisa:
- 130.957 mulheres participaram – 69.838 com tumores de mama invasivos, 6.667 com câncer localizado e 54.452 saudáveis;
- Praticantes de atividade física em alto grau com predisposição genética tiveram 41% menos risco de câncer de mama invasivo (independentemente das mulheres estarem ou não na menopausa, e das características do tumor);
- Mulheres que praticavam atividade física três ou mais vezes na semana associada também à predisposição do DNA tiveram 38% menos riscos de ter câncer em comparação às sedentárias;
- Tiveram probabilidade 100% maior de sofrerem da doença triplo negativa (a mais difícil de ser tratada) àquelas que passaram mais tempo sem se movimentar;
- As associações ocorreram, em grande parte, independentemente do status de menopausa e do tipo, estágio ou grau do tumor.
“Há explicações biológicas plausíveis para as descobertas, com um corpo razoável de evidências indicando inúmeras vias causais entre atividade física e risco de câncer de mama, como sobrepeso/obesidade, metabolismo desordenado, hormônios sexuais e inflamação” (Brigid Lynch, epidemiologista que liderou o estudo)
“Fortes evidências de que mais atividade física geral e menos tempo sentado provavelmente reduzem o risco de câncer de mama”, diz o artigo.
O autoexame previne a doença?
Apalpar os seios ajuda no conhecimento do próprio corpo, mas não substitui a mamografia. Muitas mulheres ainda acreditam que o autoexame é a melhor forma de detecção do tumor. Não espere que um tumor seja palpável.
Outra questão importante: apenas 10% a 20% dos casos são hereditários, mas ainda há o estigma de que o histórico familiar seja o principal fator de risco para a doença.
Como já dito: quando diagnosticado em sua fase inicial, as chances de cura do câncer de mama podem alcançar 95%. Porém, nesse estágio o tumor se encontra pequeno (podendo ter menos de um centímetro), sendo detectado apenas por exame de imagem, como a mamografia. Por isso, é fundamental frequentar o ginecologista ao menos uma vez por ano para que regularizar os exames. Caso necessite, agende uma consulta pelo site.