Mariane Fontes MD

Câncer de testículo tem aumentado em homens de 20 a 29 anos

Câncer de testículo é o mais comum entre os homens de 20 a 29 anos. Por que os números não param de crescer?

O câncer de testículo é uma das doenças oncológicas mais comuns entre homens jovens, especialmente na faixa etária dos 20 aos 29 anos. Nos últimos anos, tem-se observado uma preocupante tendência de aumento nos casos diagnosticados e nas taxas de mortalidade associadas a ele. Estima-se que haverá um crescimento de 26,6% no número de óbitos entre 2026 e 2030 em comparação com o período de 2011 a 2015, o que coloca o Brasil em alerta sobre esse tipo de câncer. Os dados são da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da OMS (IARC)

Tendências e aumento da incidência de câncer de testículo

Nos últimos anos, a incidência de câncer de testículo tem aumentado de maneira constante em diversas regiões do mundo, incluindo o Brasil. Essa tendência preocupa especialistas, pois, embora o câncer de testículo seja altamente tratável quando detectado precocemente, o aumento nos casos diagnosticados e nas taxas de mortalidade sugere que fatores ambientais, genéticos e comportamentais possam estar contribuindo para essa elevação.

Aumento global na incidência

Globalmente, a incidência de câncer de testículo vem crescendo desde a segunda metade do século XX. Estudos epidemiológicos indicam que a taxa de novos casos está aumentando em vários países, especialmente em nações ocidentais como Estados Unidos, Europa Ocidental e Austrália. No Brasil, essa tendência é igualmente preocupante, com dados apontando para um crescimento das taxas de mortalidade relacionadas ao câncer de testículo, que se espera aumentar em 26,6% entre 2026 e 2030, em comparação com o período de 2011 a 2015.

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Fatores contribuintes

Vários fatores podem estar contribuindo para o aumento na incidência de câncer de testículo, incluindo:

Mudanças ambientais e disruptores endócrinos: a exposição crescente a produtos químicos industriais, pesticidas e outros poluentes ambientais tem sido associada a alterações hormonais que podem aumentar o risco de desenvolvimento de câncer de testículo. Substâncias conhecidas como disruptores endócrinos, presentes em muitos plásticos e produtos químicos, são capazes de interferir na função hormonal e podem estar ligadas ao desenvolvimento de câncer testicular.

Fatores genéticos e epigenéticos: embora a maioria dos casos de câncer de testículo não seja hereditária, estudos mostram que homens com histórico familiar da doença têm um risco maior. Além disso, alterações epigenéticas, que envolvem mudanças na expressão gênica sem alterar o DNA, podem ser influenciadas por fatores ambientais e comportamentais, aumentando o risco da doença.

Estilo de vida e fatores comportamentais: o estilo de vida moderno, caracterizado por dietas pouco saudáveis, sedentarismo e aumento do consumo de álcool e tabaco, também pode estar contribuindo para o aumento dos casos de câncer de testículo. A obesidade, em particular, tem sido associada a um risco aumentado de vários tipos de câncer, incluindo o testicular.

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Diagnóstico precoce e conscientização: parte do aumento observado na incidência pode ser atribuído a melhores técnicas de diagnóstico e maior conscientização sobre a doença. Homens estão mais propensos a procurar atendimento médico ao notar alterações nos testículos, resultando em diagnósticos mais frequentes. No entanto, isso não explica completamente o aumento, especialmente considerando as taxas de mortalidade crescentes.

Tendências regionais e disparidades

Embora o câncer de testículo esteja aumentando globalmente, existem variações regionais significativas. Nos países desenvolvidos, onde o acesso a cuidados de saúde é mais amplo, o aumento da incidência é mais pronunciado, mas as taxas de mortalidade tendem a ser menores devido à detecção precoce e ao tratamento eficaz. Já em países em desenvolvimento, como o Brasil, o aumento da incidência é acompanhado por taxas de mortalidade mais elevadas, refletindo desafios no acesso a diagnósticos precoces e tratamentos adequados.

Impacto da população jovem

O fato de o câncer de testículo ser mais comum em homens jovens, particularmente na faixa etária de 20 a 29 anos, é uma característica única dessa doença. Isso tem implicações importantes, pois afeta uma população que está no auge de sua vida produtiva e reprodutiva. O aumento nos casos entre jovens adultos é preocupante não apenas pelo impacto na saúde individual, mas também pelo efeito nas famílias e na sociedade em geral.

Projeções futuras

As projeções indicam que, se as tendências atuais continuarem, o câncer de testículo pode se tornar uma preocupação de saúde pública ainda maior nas próximas décadas. O aumento projetado de 26,6% nas taxas de mortalidade entre 2026 e 2030 em comparação com o período de 2011 a 2015 destaca a necessidade urgente de intervenções eficazes.

Tipos de câncer de testículo

O câncer de testículo tem divisão em dois principais tipos, com base nas células afetadas:

  1. Seminomas: representam cerca de 40-50% dos casos e tendem a crescer e se espalhar mais lentamente. Os seminomas geralmente respondem bem ao tratamento com radioterapia.
  2. Não seminomas: este grupo inclui vários subtipos, como carcinoma embrionário, teratoma, coriocarcinoma e tumor do saco vitelino. Não seminomas tendem a crescer mais rapidamente e podem exigir tratamento mais agressivo, como quimioterapia.

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Fatores de risco

Diversos fatores podem aumentar o risco de um homem desenvolver câncer de testículo. Entre eles, destacam-se:

  • Histórico familiar: homens com familiares próximos que tiveram câncer de testículo estão em maior risco.
  • Criptorquidia: testículo não descido (ou criptorquidia) é uma condição em que os testículos não descem para a bolsa escrotal antes do nascimento. Isso aumenta significativamente o risco de câncer de testículo.
  • Síndromes genéticas: homens com certas condições genéticas, como a síndrome de Klinefelter, estão mais propensos a desenvolver câncer de testículo.
  • Infertilidade: alguns estudos sugerem que homens com problemas de fertilidade podem ter um risco maior de câncer de testículo.
  • Raça: homens brancos têm uma incidência significativamente maior de câncer de testículo em comparação com homens de outras raças.

Sinais e sintomas

Reconhecer os sinais e sintomas do câncer de testículo é crucial para um diagnóstico precoce e um tratamento eficaz. Alguns dos sintomas mais comuns incluem:

  • Nódulo ou inchaço: a presença de um nódulo ou inchaço em um dos testículos é frequentemente o primeiro sinal de câncer de testículo.
  • Desconforto ou dor: sensação de peso no escroto, dor ou desconforto no testículo ou no escroto pode ser um sintoma de alerta.
  • Alterações no testículo: mudança no tamanho, forma ou consistência de um testículo em comparação com o outro.
  • Dor abdominal ou lombar: em casos mais avançados, o câncer pode se espalhar para os gânglios linfáticos, causando dor na parte inferior do abdômen ou nas costas.

Diagnóstico da doença

O diagnóstico precoce do câncer de testículo é fundamental para o sucesso do tratamento. A detecção inicial geralmente ocorre através de um exame físico, seguido por exames de imagem e testes laboratoriais.

Exames diagnósticos

  • Ultrassonografia: é o exame de imagem mais comum para avaliar nódulos testiculares. Ele ajuda a determinar se o nódulo é sólido ou cheio de líquido e se é provável que seja câncer.
  • Exames de sangue: certos marcadores tumorais, como alfafetoproteína (AFP), beta-HCG e desidrogenase láctica (LDH), podem estar elevados em homens com câncer de testículo.
  • Biópsia: em alguns casos, uma biópsia pode ser realizada para confirmar o diagnóstico, embora na maioria dos casos o testículo afetado seja removido cirurgicamente para análise.

Tratamento

O tratamento do câncer de testículo varia dependendo do tipo e estágio da doença, mas geralmente envolve uma combinação de cirurgia, radioterapia e quimioterapia.

Opções de tratamento

  • Orquiectomia radical: a remoção cirúrgica do testículo afetado é o tratamento primário para o câncer de testículo. Este procedimento é geralmente suficiente para a cura em estágios iniciais.
  • Radioterapia: tem seu uso principalmente para tratar seminomas e pode ter sua administração após a cirurgia para eliminar células cancerosas remanescentes.
  • Quimioterapia: utilizada em casos mais avançados ou para tumores não seminomas, a quimioterapia visa destruir células cancerosas que se espalharam para outras partes do corpo.

Importância da conscientização e do diagnóstico precoce sobre o câncer de testículo

A conscientização sobre o câncer de testículo e a importância do diagnóstico precoce são fundamentais para reverter a tendência de aumento nos casos e nas taxas de mortalidade. A detecção precoce melhora significativamente as chances de cura e pode minimizar a necessidade de tratamentos mais agressivos.

  • Consultas médicas regulares: consultar um médico regularmente e discutir qualquer sintoma ou preocupação pode ajudar na detecção precoce do câncer de testículo.
  • Estilo de vida saudável: manter um estilo de vida saudável, com uma dieta equilibrada, exercícios regulares e evitando substâncias nocivas, pode reduzir o risco de desenvolver câncer.

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O futuro do câncer de testículo: o que esperar?

O aumento previsto nas taxas de mortalidade devido ao câncer de testículo nos próximos anos é alarmante, mas há esperança. Com avanços no tratamento, maior conscientização e estratégias de prevenção eficazes, é possível reduzir o impacto dessa doença.

Terapias-alvo e imunoterapia: avanços na pesquisa estão explorando novas terapias que podem oferecer tratamentos mais eficazes e menos invasivos para o câncer de testículo.

Medicina personalizada: o futuro do tratamento do câncer de testículo pode incluir abordagens personalizadas, que consideram as características genéticas e moleculares de cada paciente para otimizar o tratamento.

Conclusão sobre o câncer de testículo

O câncer de testículo, embora raro em comparação com outros tipos de câncer, é uma preocupação crescente, especialmente entre homens jovens. A previsão de um aumento significativo nas taxas de mortalidade até 2030 exige uma resposta imediata e eficaz. A conscientização sobre os fatores de risco, a importância do autoexame e do diagnóstico precoce, bem como o acesso a tratamentos avançados, são fundamentais para combater essa tendência preocupante.

Ao adotar práticas de saúde preventiva e permanecer vigilante quanto aos sinais e sintomas, os homens podem aumentar suas chances de detecção precoce e cura. Além disso, é crucial que políticas de saúde pública e programas de conscientização sejam implementados para educar a população e garantir que os recursos necessários estejam disponíveis para aqueles que enfrentam o diagnóstico de câncer de testículo. Caso necessite de uma médica uro-oncologista que atenda no Rio de Janeiro, marque uma consulta agora mesmo pelo meu site.