Genética e Câncer
Nas últimas décadas, devido a uma maior expectativa de vida da população, o câncer se tornou uma das doenças mais prevalentes no mundo. Existem diversos tipos, mas todos eles têm em comum um aspecto: a alteração do material genético da célula, desregulando seus mecanismos de controle e proliferação. A seguir, saiba um pouco mais sobre genética e câncer.
Diferentes fatores podem contribuir para a desregulação dos mecanismos celulares, e esses fatores podem ser hereditários ou esporádicos. Apenas uma pequena parcela dos casos de câncer, em torno de 10%, possui caráter hereditário. Existe uma maior predisposição hereditária para alguns tipos de câncer, como mama, próstata ovário, intestino, rins e câncer de pele. É importante salientar que, mesmo havendo predisposição hereditária, ainda são necessárias outras mutações para que o câncer de fato se desenvolva. Portanto, possuir casos na família não significa que a doença se desenvolverá, apenas que existe um risco maior do que a média da população.
Genética e câncer: genes BRCA1 e BRCA2 – como as mutações nesses dois genes impactam no risco de câncer
A comunidade científica vem avançando bastante na identificação dos mecanismos genéticos associados ao surgimento dos casos de câncer. Diversos genes estão associados a diversos tipos da doença, porém alguns já são mais conhecidos e historicamente mais estudado, como é o caso do BRCA1 e BRCA2.
O BRCA1 e BRCA2 são genes que todos nós temos e que participam no reparo de danos causados ao DNA, desta forma impedindo o surgimento de tumores. Quando modificados, o BRCA1 e BRCA2 perdem a capacidade de atuar de forma protetiva como deveriam, aumentando o risco de desenvolvimento do câncer.
Enquanto em homens a mutação desses genes está relacionada ao maior risco de câncer de próstata, em mulheres o risco é aumentado para os cânceres de mama e ovários.
A mutação dos genes BRCA1 e BRCA2 pode ser hereditária, podendo ser herdada tanto do pai quanto da mãe.
Genética ou estilo de vida?
A maior parte dos tumores se desenvolve sem estar associada a características familiares, mas sim em decorrência de erros de divisão ou mutações adquiridas devido à exposição a radiações, ao estilo de vida, a medicamentos, à idade avançada e a demais fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de um câncer. Entre os tumores esporádicos mais prevalentes estão o câncer de pâncreas, duodeno e cérebro. Nesses tecidos, mais do que em outros, há uma grande quantidade de células-tronco em divisão, com menor influência do ambiente e da hereditariedade, ocasionando então os tumores de desenvolvimento ao acaso.
Portanto, pode-se compreender que todo câncer possui um componente genético, mas seu desenvolvimento pode estar associado a diferentes fatores, levando a alterações do material genético que podem ser desencadeadas por causas hereditárias ou ao acaso.
Se você tem caso de câncer na família, como saber se há alguma predisposição para a doença?
Os principais pontos de atenção são:
- Ter muitos parentes do mesmo lado da família com histórico de câncer, principalmente se ocorreram em pessoas jovens;
- Ter muitos parentes do mesmo lado da família com o mesmo tipo de câncer.
Essas situações podem indicar a existência de alguma mutação genética que pode aumentar o risco para a doença. Portanto, converse com o seu médico, exponha o seu histórico familiar e tire todas as dúvidas sobre como agir em relação a sua saúde a partir de agora.
Genética e câncer: um olhar especial em cânceres urológicos
Próstata
Uma dúvida muito recorrente entre os homens é sobre o risco de desenvolvimento do câncer de próstata quando há outros casos na família. Sobre o assunto, é importante que a gente destaque:
Como já vimos anteriormente, o câncer pode sim ter origem genética e, por isso, observar o histórico familiar é importante. Porém, fator de risco não determina isoladamente se uma pessoa terá ou não câncer, ou seja, uma pessoa pode estar em um grupo de risco e nunca desenvolver a doença enquanto outra que não faz parte de nenhum grupo de risco pode receber o diagnóstico.
Quando falamos sobre o câncer de próstata, os principais pontos de atenção são:
– Se seu pai, irmão ou primo teve a doença, principalmente antes dos 50 anos, há um risco maior;
– Esse risco também é aumentado nos casos quem há mais de 2 familiares diagnosticados com o mesmo tipo de câncer, nesse caso, o câncer de próstata.
Se você se enquadra em alguma dessas situações, você deve incluir o check-up urológico na sua rotina mais cedo, geralmente a partir dos 40 anos, e relatar seu histórico de saúde pessoal e familiar para o seu médico.
Rim
O câncer renal está entre os 10 tipos de câncer mais frequentes entre homens e mulheres no mundo todo. Ele apresenta maior incidência em pessoas com mais de 50 anos.
Esse tipo de tumor pode surgir a partir de fatores comportamentais, como tabagismo e obesidade, ou a partir de fatores genéticos.
Para saber se você faz parte do grupo de risco para o câncer renal hereditário, tenha em mente esses 3 fatores:
– Histórico familiar de doença renal avançada
– Histórico familiar de câncer de rim (principalmente em pessoas jovens)
– Ser portador de: Sindrome de Birt-Hogg-Dubé, Síndrome de Cowden, Doença de von Hippel-Lindau ou Carcinoma papilar renal hereditário
Para esses indivíduos, é necessário um acompanhamento médico mais próximo para que, em caso de surgimento de um tumor, o tratamento seja iniciado o quanto antes.
Descobrir a origem de um câncer não é simples. Não há uma regra que determine se um indivíduo terá ou não a doença. Por isso, é muito importante manter o check-up em dia, conversar sobre o seu histórico de saúde e da sua família como o seu médico, além de priorizar uma vida mais saudável.
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