Mariane Fontes MD

Câncer na bexiga

Câncer na bexiga: nova terapia é aprovada pela Anvisa e mais

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou em outubro de 2023 uma nova terapia para o câncer na bexiga: a combinação de pembrolizumabe (Keytruda), uma imunoterapia,  com enfortumabe vedotina (Padcev), um anticorpo droga conjugada (ADC), para pacientes com carcinoma urotelial localmente avançado ou metastático não elegíveis à quimioterapia contendo cisplatina.

Pela primeira vez em décadas, aprovou-se um tratamento em primeira linha para doença metastática que não contém quimioterapia. A associação de uma imunoterapia com um anticorpo droga conjugada se mostrou benéfica para população não elegível à quimioterapia baseada em platina.  

Estudo EV-103

Por muitos anos, a quimioterapia baseada em cisplatina foi o padrão de tratamento para o câncer urotelial localmente avançado ou metastático, apesar da toxicidade, das respostas raramente duradouras e da maioria dos pacientes serem inelegíveis à cisplatina.

A coorte K do estudo EV 103 mostrou que a combinação de enfortumabe vedotin e pembrolizumabe tem grande eficácia com alta taxa de resposta objetiva (68%) e com 10% dos pacientes obtendo resposta completa. Os ciclos de tratamento ocorrem a cada 21 dias e o tempo de uso da combinação é indeterminado. Os principais efeitos colaterais são alterações cutâneas, neuropatia periférica, diarreia e fadiga.

Conclusão: enfortumabe vedotin mais pembrolizumab é uma combinação altamente eficaz, tem efeitos colaterais manejáveis, bem como um perfil de segurança adequado. 

O tratamento com ADCs é inovador no combate ao carcinoma urotelial. Seu mecanismo de ação visa especificamente as células cancerígenas da bexiga que expressam nectina 4, minimizando os efeitos colaterais em tecidos saudáveis. Além disso, esse avanço é crucial para proporcionar uma abordagem mais eficaz e menos tóxica no tratamento do câncer na bexiga.

Sobre o câncer na bexiga

De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), foram constatados 11.370 diagnósticos da doença em 2022 – 7.870 do sexo masculino e 3.500 do sexo feminino. Homens brancos e de idade avançada têm maior predisposição de desenvolver a doença, assim como que tem histórico na família. 

Há também fatores de risco externos: o tabagismo, que triplica as chances do câncer na bexiga, e exposição a diversos compostos químicos como aminas aromáticas, azocorantes, benzeno e benzidina. 

Sintomas

Os sinais e sintomas iniciais de câncer na bexiga comumente podem ser confundidos com os de infecção urinária ou de cálculo renal. Eles não são conclusivos e por isso a avaliação médica é fundamental. 

  • Sangue na urina (hematúria)
  • Dor ao urinar (disúria)
  • Urgência urinária
  • Dor na pelve
  • Perda de peso inexplicada

Prevenção

Além de não fumar e evitar exposição a substâncias químicas ocupacionais, é importante comer frutas e vegetais, dentro de uma dieta balanceada, praticar exercícios físicos e beber bastante líquido. Portanto, ter uma vida saudável é benéfico para buscar a prevenção não somente do câncer, mas de outras doenças. 

Diagnóstico precoce e exames

O diagnóstico precoce é crucial no sucesso do tratamento do câncer na bexiga. Exames regulares, como cistoscopia, exames de imagem – como tomografia computadorizada -, marcadores tumorais, exame qualitativo de urina (EQU) e citopatológico de urina podem detectar anormalidades antes mesmo do aparecimento de sintomas evidentes.

Havendo suspeita de câncer, realiza-se uma biópsia para a confirmação da doença. Com o exame anatomopatológico é possível definir o prognóstico, estadiamento, bem como o tratamento do câncer na bexiga. 

Tratamento para o câncer na bexiga

O tratamento vai depender do grau de evolução do câncer na bexiga, com a cirurgia podendo ser de três formas:

  • ressecção transuretral: quando se retira o tumor por via uretral.
  • cistectomia parcial: quando se retira uma parte da bexiga.
  • cistectomia radical: remoção completa da bexiga, com a posterior construção de um novo órgão para armazenar a urina.

Em lesões iniciais, após remoção total do tumor, o médico pode administrar a vacina BCG dentro da bexiga para tentar evitar a recorrência do câncer.

A radioterapia é opção e pode ser indicada para tumores mais agressivos para buscar a preservação da bexiga. Por fim, a quimioterapia é utilizada em casos iniciais de forma intravesical – diretamente dentro da bexiga – e em casos avançados de forma sistêmica – por infusão venosa de medicamentos 

A aprovação pela Anvisa da nova combinação para o tratamento do carcinoma urotelial representa um avanço significativo na luta contra o câncer na bexiga. Os benefícios observados – como, por exemplo, maior eficácia, menos efeitos colaterais e a capacidade de personalização -, prometem uma abordagem mais eficiente e compassiva para os pacientes. Precisa de uma consulta? Faça o agendamento pelo meu site.