Mariane Fontes MD

Câncer de bexiga: imunoterapia é aliada para o tratamento

Imunoterapia para câncer de bexiga: entenda sobre o tratamento

Eliminar o câncer com mais eficiência e menos toxicidade. Essa é a finalidade da imunoterapia para combater a doença. Anticorpos monoclonais, vacinas contra o câncer e as Car T-Cells, são os três tipos usados para o tratamento.

O avanço do câncer, com o procedimento, é contido através da ativação do próprio sistema imunológico do paciente. Entretanto, vale ressaltar que não são em todos os casos em que ele é eficiente. Mas quando o efeito é positivo, o resultado é significativo e duradouro por conta da função da memória imunológica que o organismo passa a ter contra o tumor.

O câncer de bexiga no triênio de 2020 a 2022 teve mais de 10 mil diagnósticos no Brasil, de acordo com dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer). Nos últimos anos, o objetivo da medicina era encontrar meios eficazes para a contenção da doença.

Por muito tempo, em torno de 30 anos, o avanço no enfrentamento do câncer de bexiga se manteve estagnado. Muitos dos pacientes tiveram progressão precoce após a quimioterapia – aproximadamente nove meses. Em suma, a sobrevida global até então era de 14 a 15 meses.

Câncer de bexiga e novas perspectivas

Pacientes com carcinoma urotelial avançado ou metastático tiveram sobrevida estendida de 14 para 21 meses na manutenção do tratamento após a quimioterapia. O estudo JAVELIN Bladder 100, de 2020 e realizado com imunoterapia, avaliou o uso de avelumabe juntamente com outros cuidados, e os resultados foram significativos.

O remédio, considerado o principal avanço contra o câncer nos últimos 30 anos, também é usado contra outros tumores. No Brasil, é liberado para o tratamento contra o carcinoma de células de Merkel (um câncer de pele raro) e o de células renais avançado (tumor mais comum dos rins). Seu uso para os cânceres de bexiga, ureter e pelve renal teve aprovação no país em 2021 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

A Anvisa deu o seu aval após um estudo publicado pelo The New England Journal of Medicine em que metade de 700 pacientes receberam avelumabe após as sessões de quimioterapia. Cuidados de suporte tiveram aqueles que não foram medicados por avelumabe.

O primeiro grupo teve sobrevida de 21 meses, contra 14 do segundo. Além disso, o risco de morte teve redução de 31% para aqueles que receberam avelumabe.

  • Pacientes portadores de carcinoma urotelial em estudos anteriores tinham progressão do câncer entre seis e oito meses após o início da quimioterapia;
  • Menos de 5% deles estariam vivos em cinco anos depois de descobrirem a doença em fase metastática.

Comprovação do benefício do avelumabe

Em fevereiro de 2022, o Simpósio de Tumores Geniturinários da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO GU), em São Francisco (Califórnia, Estados Unidos), comprovou o benefício do avelumabe, e a sobrevida global proporcionada pela terapia de manutenção com o imunoterápico foi para 24 meses. Ainda em 2022, a 58ª edição do encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), em Chicago (Estados Unidos), revelou que o paciente é beneficiado independentemente da magnitude de resposta em relação à quimioterapia.

BCG Intravesical

Essa imunoterapia faz com que o sistema imunológico crie condições de atacar as células cancerígenas quando o câncer de bexiga se apresenta sem invasão da camada muscular (doença superficial). Um cateter auxilia na administração, que é via uretra ao invés de via oral ou venosa.

Geralmente a terapia intravesical é após a ressecção transuretral do tumor de bexiga – em média 24 horas depois. A terapia com o BCG (bacilo de Calmette-Guerin) é a mais eficaz para o câncer de bexiga em seu estágio inicial. 

O tratamento com BCG pode apresentar sintomas como: gripe, dor, calafrios, febre, fadiga, sensação de queimação na bexiga e vontade de urinar com frequência. Em casos avançados, pode haver o tratamento com quimioterapia intravesical, que é mais frequente quando a imunoterapia intravesical não responde, raramente é feita por mais de um ano e geralmente é por via intravesical com gencitabina.

Sobre o câncer de bexiga

Existem três tipos de câncer de bexiga, portanto: carcinoma de células de transição (é o de maior incidência), carcinoma de células escamosas, e adenocarcinoma.

Em 2022, de acordo com dados do Inca, o número de casos no Brasil foi de 11.370. Foram 7.870 do sexo masculino e 3.500 do sexo feminino. Homens com idade avançada, bem como de raça branca têm maior probabilidade de desenvolver o câncer.

O tabagismo, definitivamente, é o fator de risco principal relacionado à doença e corresponde a mais de 70% dos diagnósticos. Além disso, a exposição a compostos químicos também eleva o risco.

Manter uma vida saudável – boa alimentação, prática de exercícios físicos, controle de peso –, portanto, é um fator que auxilia na prevenção do câncer e ajuda a reduzir a chance de seu aparecimento.  

Em conclusão, a perspectiva com relação ao prognóstico desfavorável de câncer de bexiga cada vez mais vai ficando no passado. Novos caminhos e possibilidades, enfim, nos guiam à imunoterapia na área. Avaliações de novas diretrizes de tratamento que potencializam a prevenção e a progressão da doença para que os pacientes tenham cada vez mais uma melhor qualidade de vida, são aliadas.